domingo, 16 de março de 2025

 Não sei porque estou aqui.

Escrevendo, em um celular, acabo de remover o som do teclado. Me incomodou que este som se relacionasse com o ritmo de meus pensamentos. As vezes tento me despreender destas coisas, mesmo que banais, que sinto tentar querer me enquadrar.
Não! Minhas palavras não terão esse som determinado. Somente o som que as próprias palavras resoam em pensamento. 
Em pensamento. 
Não consigo lê-las em voz alta, isto contaminaria o resto de sentido que ainda possuem, a partir do momento que eu as traduzo materialmente nessa forma gráfica das letras.
Palavras enganam.
Nesta forma, palavras são falsas a uma ideia primeira. Palavras são resquícios afunilados, que conseguiram se mostrar após várias e várias camadas existentes entre o pensamento e a matéria. Já perderam o sabor.
Palavras são esponjas, elas acumulam através de anos e anos conceitos, definições, sentidos, gramáticas... e me espanta que essa esponja sempre retém somente as impurezas humanas. O que aconteceu com as palavras "índio", "manicômio", "hospício","lepra"...?
As palavras acabam tendo um prazo de validade, como um objeto qualquer, como um recipiente usado várias e várias vezes. Até chegar em um momento em que a palavra transborda de tanto acúmulo, de tanta impureza.
Ela é invalidada, deixa de existir. Vira um insulto.
As palavras "amor", "deus", "familia", "patria" (recentemente), tambem não escapam a corrosão do tempo, desfiguram-se.
Gestos também nao fogem a regra, alguns deles estão tão rebuscados como um padrão estabelecido,  que é como mastigar algo totalmente sem sabor na tentativa vã de encontrar um mínimo de gosto ali. Ao invés,  prefiro utilizar de gestos e palavras que busquem demonstrar a ideia primeira por entre caminhos adversos que fogem do padrão clichê.  Ou, quando for certeiro , como um único caminho possível (ou o melhor possivel), que no mínimo seja verdadeiro. É como devolver a palavra e ao gesto seu sentido primário. Mas ainda sim é difícil, pois ela respira por aparelhos, e muitas já reversivelmentes  poluídas.
Mas enfim, minhas palavras me confundem.
Por que estou aqui?




sexta-feira, 27 de outubro de 2023

quarta-feira, 3 de maio de 2023

O corpo é provisório, as coisas e pessoas 

mas tudo é para sempre.

Um piscar, um sopro, um sono.

Um unico som, que compõe essa orquestra viva.

Talvez nunca mais te veja quando a música acabar.

Talvez eu nunca mais me veja como sou.


E me afasto de minha cidade corpo.

Agora ela está pequena longe.

A perspectiva muda, conforme muda (sem som) a perspectiva.

Se tá pequeno, tudo mais está pequeno.

Olho para trás e já não a vejo, e penso que talvez ela já não exista.

Já não exista, mas sei de sê-la eterna também, onde eu já não habito.

muitas pessoas viveram lá em mim

onde eu era um estrangeiro.


Todo lugar é provisório. 

Todas cidades são.

Todos os corpos...


são corpos cidades!

Das muitas pessoas que habitam em cada um

estamos sempre sozinhos.

E o que fazem esse corpo, essa cidade serem povoados

é a capacidade de se receber.

Talvez quem de má fé se achega, se esvai.

Se vai.

vai...

vai habitar alguma outra cidade fantasma qualquer.

Cidades ocas de gente, que abrigam gentes ocas.


Mas cheguei há pouco, ainda estou me povoando.


E sinto que não sou daqui.


[Corpos cidades]


sábado, 15 de abril de 2023

Divagações n. XVIII

 


Nanquim, aquarela s/ canson A4

domingo, 13 de novembro de 2022

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Divagações n. XVII

 O homem líquido de Bauman 



Nanquim, caneta Bic, bico de pena, caneta gel, aquarela no papel A4



segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Divagações n. XVI

Vênus


 Nanquim, caneta gel, grafite s/ canso A4

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Divagações n. XIII

 



   Nanquim s/ canson A4

terça-feira, 6 de julho de 2021

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Divagações n. XI


  



Nanquim s/ canson A4

Divagações n. X

 


 Nanquim s/canson A4

domingo, 14 de março de 2021

Amor

 


           Aquarela e nanquim