sexta-feira, 27 de outubro de 2023

quarta-feira, 3 de maio de 2023

O corpo é provisório, as coisas e pessoas 

mas tudo é para sempre.

Um piscar, um sopro, um sono.

Um unico som, que compõe essa orquestra viva.

Talvez nunca mais te veja quando a música acabar.

Talvez eu nunca mais me veja como sou.


E me afasto de minha cidade corpo.

Agora ela está pequena longe.

A perspectiva muda, conforme muda (sem som) a perspectiva.

Se tá pequeno, tudo mais está pequeno.

Olho para trás e já não a vejo, e penso que talvez ela já não exista.

Já não exista, mas sei de sê-la eterna também, onde eu já não habito.

muitas pessoas viveram lá em mim

onde eu era um estrangeiro.


Todo lugar é provisório. 

Todas cidades são.

Todos os corpos...


são corpos cidades!

Das muitas pessoas que habitam em cada um

estamos sempre sozinhos.

E o que fazem esse corpo, essa cidade serem povoados

é a capacidade de se receber.

Talvez quem de má fé se achega, se esvai.

Se vai.

vai...

vai habitar alguma outra cidade fantasma qualquer.

Cidades ocas de gente, que abrigam gentes ocas.


Mas cheguei há pouco, ainda estou me povoando.


E sinto que não sou daqui.


[Corpos cidades]


sábado, 15 de abril de 2023

Divagações n. XVIII

 


Nanquim, aquarela s/ canson A4